sábado, 29 de maio de 2010

Solidão



Se houvesse um vento
um sopro
ou uma brisa
que do céu viesse e me descabelasse
que refrescasse o tempo
e esfriasse a vida
que afastasse a dor
e me acalmasse o anseio.

Se houvesse um vento
que me trouxesse as novas
e que fossem boas as novas que viessem
que me dissessem tudo
o me despissem a alma
e revelassem tudo
e me deixassem calma,
Então
esse vento me traria
todos os meus sonhos de volta
e numa brisa me diria
segredos e poesias
e num sopro eu iria
do silencio à sinfonia.

Mas só se houvesse um vento.


Foi Bom Estar Só. Adoro ficar sozinha.
Claro que a solidão de que falo é a solidão opcional e momentânea... se bem que mesmo quando não é eu ainda gosto dela.

Ter uma cama só pra mim, lavar a louça na hora que eu quiser "e se" eu quiser, não ter ninguém vigiando o que faço e nem me pedindo coisas o tempo todo, não ter que servir ninguém, poder ficar no meu computador o tempo que eu quiser, não precisar me arrumar...enfim, a solidão é cheia de vantagens para mim.
Quando eu era menina e ficava sozinha em casa, lembro-me do prazer que tinha em poder simplesmente não ter que falar nada.
É, eu amo o silencio, assim como também a solidão.
Não que eu não ame as pessoas, mas o silencio me acalma e na maioria das vezes as pessoas me irritam.

Nós, seres humanos, ainda que vivamos em grupo temos uma essência totalmente só.
Somos únicos, nascemos sozinhos, nosso fim é solitário, e ninguém pode viver por nós, ou seja, somos verdadeiramente sós...sem falar em nosso egoísmo que nos faz mais sós ainda.
Então, eu e meu egoísmo nos damos muito bem na solidão e no silêncio.
E daí ???se eu ficar e não quiser sair
se eu chorar e não quiser sorrir
se eu for e você não puder vir...
E daí? se um terremoto me engolir, se a maré não subir
e a mãe não quiser mais parir...
E daí? se me pedir e eu não quiser dar, se eu respirar e não tiver ar
se eu pensar e não quiser falar...
E daí ?
se o mundo tiver um troço
se eu gritar que já não posso
se é na dor que eu me enrosco...
se a loucura se tornar brandura
se o amor despedaçar a flor
se a vida já não for tão dura e eu,...seja lá quem for...
E daí ? E daí ? E daí ????


Abortaram minha doçura
amputaram minha alegria
extirparam minha brandura
e inflamaram minha ira
O que me resta é o que faço
é o grito alto,
é o nó no laço
é a arma apontada e engatilhada
fatalmente fria
e que friamente mata
É a vida roubada,
invadida e violentada,
é vida não vivida,
mal parida e mal amada
É a rua , a ponte e a lua
é o som, o medo e a morte
é o sol quente que me queima a esperança
é a noite escura que apaga a lembrança
É o nada e o agora,
um pouco de ontem
e a saudade de outrora,
sou eu mesmo, sim senhor!,
a fome, o ódio, a solidão e a dor
debaixo da ponte,
e a espera do pão duvidando do amor !!

"Que a minha solidão me sirva de companhia, que eu tenha coragem de me enfrentar, que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir, como se estivesse plena de tudo".

Clarice Lispector

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