sábado, 1 de maio de 2010

copos de leite



Isabel Lopes:
Não teremos mais copos pela metade
Rios ou regatos, copos sempre cheios de tudo que não seja o vazio. Que tenhamos chuvas torrenciais em nossos copos... Copos de uma só carne. Pra não sentirmos sede.
E se sentirmos, beberemos até que essa sede passe.

E que os copos se encham com o suor de nossos corpos, a brincar com a vida ou com o corpo um do outro. Que as marcas de batom sejam as marcas do desejo de algo mais intenso
E que a excitação, seja por dias melhores
Que iremos colorir com o calor de nossos desejos

E se beber em outros copos, que sejamos saciados dessa sede que nos deixa sempre à procura de copos/metade. Que esse gole de água, seja realmente algo que possa matar a minha sede, e que não seja apenas cicuta, que mata a vida e carne.. Que mata a vontade de continuar vivendo. E, se for pra viver sem essa água que me alimenta, inebria, que me cura, então, que eu beba um pouco de veneno, pra tudo de ruim se findar junto com as lembranças de não se ter aquilo que se deseja. E assim eu caminho de fonte em fonte, em busca das águas que nunca se acabam, ou vez e outra eu olho pro céu, em busca de uma chuva. A felicidade são pinguinhos, e vale a pena se molhar....

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