domingo, 24 de janeiro de 2010

Sapatos


Amor sem medida
A resposta para o fascínio das mulheres por sapatos pode estar na função democrática do acessório, que veste bem todas as silhuetas.





Os homens se esforçam para entender, já que o guarda-roupa deles comporta apenas um par de tênis, um sapato social, um chinelo de dedo e... vá lá, uma bota. Por mais que as mulheres tentem, não conseguem explicar a eles por que três escarpins, quatro botas, cinco sandálias, duas sapatilhas, quatro rasteirinhas, dois tênis e um mocassim (isso nos casos mais econômicos) podem causar tanto espanto. O fascínio feminino por sapatos sempre foi (e sempre será) algo enigmático. Cinderela que o diga.








Sapatos e sapatas

Simone de Beauvoir disse que uma mulher não nasce mulher, torna-se mulher, e imagino que pra efetuar essa transformação ela precise, entre outras coisas, confirmar seu sexo através de hábitos e manias comuns à espécie. É aí que me pergunto: que tipo de mulher eu me tornei, santo Cristo?

Não gosto de falar ao telefone, por exemplo. Uso o aparelho para o que me foi ensinado: dar recados, combinar encontros, cumprimentar por uma data, agradecer uma gentileza, convidar para um jantar, resolver um pepino, marcar uma consulta, fazer um pedido. Nada que leve mais de dois ou três minutos. Bater papo, só em ocasiões muito especiais, como matar a saudade de uma amiga que mora longe ou de um namorado que esteja viajando. De resto, e-mails. Se jogar conversa fora ao telefone for um inquestionável atributo feminino, então ainda não me tornei uma mulher comme il faut.

Tampouco me identifico com os Delírios de Consumo de Becky Bloom: acho uma chatice comprar roupa. Geralmente escolho duas ou três lojas da cidade, sempre as mesmas, e lá me resolvo a cada início de estação.
Pra completar meu desajuste, não sou de dar corda pra fofoca. Não levo fotos em carteira. Não comemoro convites para chá-de-fralda e chá-de-panela. Nunca entrei no cheque especial.. Repito vestidos que tenho há 10 anos. Às vezes até custo a acreditar que não seja sapatona.

Pensei em pesquisar de onde saiu esse termo agressivo, sapatona, para designar mulheres homossexuais. Mas nem me dei ao trabalho, só pode ser por associação a um pé grande, como se fosse prerrogativa dos rapazes calçarem mais de 39. Já deram uma olhada nos pezinhos das garotas de hoje? São todas ninfas diáfanas que, caso deixassem pegadas na neve, seriam confundidas com o Godzilla.

Me tornei mulher porque me tornei independente, antes de tudo. Não sou de frescura e muito menos de compulsões consumistas. Mas ainda tenho um lado mulherzinha: choro à beça, sou louca por flores, aprecio o cavalheirismo, gosto de ficar de mãos dadas no cinema, devoro revistas de moda, me interesso por decoração e fico chocada quando escuto expressões grosseiras.

Ah, e calço 36.
(eu por Martha Medeiros com uma diferença: adoro sapatos)



um pouquinho de glamour não faz mal a ninguém.

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